Já lá vai algum tempo desde que o árbitro Mario Yamasaki entrou no Octógono. Doze meses, para ser exacto. Mas agora ele está começando a trabalhar para voltar.
O brasileiro mais experiente quando se trata de arbitragem de lutas de MMA nas grandes ligas, Yamasaki foi visto pela última vez sob a bandeira do UFC em 3 de fevereiro de 2018, quando ele supervisionou o evento principal do UFC Belém. Naquela infame partida, Valentina Shevchenko enfrentou a recém-chegada promocional Priscila Cachoeira no Brasil e a dominou por nove minutos antes de finalmente bater “Pedrita” com um estrangulamento traseiro.
A marcação provou ser um descompasso, com os matchmakers do UFC e a Comissão Atlética Brasileira de MMA (CABMMA) sendo criticada posteriormente pelo emparelhamento. O treinador de Cachoeira também ficou sob fogo por não ter jogado a toalha, especialmente depois que Cachoeira sofreu uma lesão no joelho entre as rodadas, e o consenso era que a Yamasaki deveria ter parado a luta muito antes de Shevchenko ter misericordiosamente terminado “Pedrita”
O presidente do UFC, Dana White, que havia atacado a Yamasaki por ligações anteriores, declarou que o árbitro não deveria “nunca mais colocar os pés naquele Octógono” após o evento. As esperanças de White foram respondidas até agora, já que a Yamasaki não trabalha em um programa do UFC desde então.
“Acabei me concentrando em outros trabalhos e não me candidatei a nenhuma comissão atlética depois daquela luta, porque Dana continuaria vindo atrás de mim”, disse Yamasaki ao MMA Fighting. “Decidi tirar um ano de folga para relaxar e reiniciar”. Acho que vou me candidatar novamente a uma comissão de atletismo este ano e voltar depois de relaxar por um ano”
Yamasaki, que possui uma empresa de construção nos Estados Unidos e 13 escolas de jiu-jitsu, não ganha a vida com o dinheiro que ganha como árbitro. Ele chama o árbitro de “hobby”, e diz que é por isso que ele foi capaz de fazê-lo por tanto tempo.
Ele adora, no entanto, e é por isso que ele quer voltar lá.
Yamasaki ainda trabalhava como árbitro em 2018, supervisionando 10 episódios sob a bandeira do PFL e múltiplos eventos no Brasil, promoções não regulamentadas pelo CABMMA.
Agora, um mês depois de 2019, Yamasaki procurou o vice-presidente de Assuntos Regulatórios da UFC, Marc Ratner, “para ver as possibilidades, o que eu tenho que fazer, se ele quiser que eu faça alguma coisa” para poder trabalhar no Octógono novamente.
Voltando a Shevchenko vs. Cachoeira, Yamasaki admite que lidou mal com a situação.
“Acho que poderia ter parado mais cedo”, disse ele. “Foi um erro”
Dia após o combate, Yamasaki lançou uma declaração na qual ele disse que “permitiu que ‘Pedrita’ fosse um guerreiro e continuasse lutando”
O árbitro lamenta dizer essas palavras também.
“Eu fui mal interpretado porque, primeiro, eu tinha um relações públicas que me pediu para dizer isso, mas não era o que eu realmente queria dizer”, disse Yamasaki. “Eu disse à ‘Pedrita’ no vestiário que não iria parar a luta se ela estivesse se defendendo”. Ela se movia sempre que eu dizia que ia parar a luta, mas eu realmente deveria ter parado mais cedo para que não houvesse controvérsia”. Não foi culpa de mais ninguém além de mim.”
Yamasaki se separou da companhia de RP depois disso. Não porque a maneira como as coisas foram tratadas, ele explica, mas ele não viu a necessidade de empregar uma empresa de RP se ele pretendia ficar longe do mundo MMA por algum tempo.
Agora se sentindo pronto para trabalhar como árbitro sob as luzes brilhantes novamente, e não guardando ressentimentos para o CABMMA por não o designar para eventos no Brasil depois disso, a Yamasaki não espera ter a sua imagem ligada ao Shevchenko vs. Cachoeira – ou qualquer outra controvérsia – para sempre.
“Eu estava fazendo uma visão geral da minha carreira e não tenho nada além de boas coisas a dizer sobre o UFC e tudo o que aconteceu na minha vida”, disse Yamasaki. “Nós nunca imaginamos que o esporte chegaria a este ponto e eu chegaria a este ponto”. Estar no UFC por 20 anos, e o jiu-jitsu e o MMA antes disso. Dana tem sido boa para mim, apesar de outras controvérsias. São 20 anos… Comecei no UFC antes dele, e sempre nos demos bem.
“Acho que é uma lição para mim que às vezes não estamos concentrados e as coisas acontecem. As lutas que eram controversas, eu não estava tão concentrado como costumo estar. É uma lição que se aprende na vida. Mas eu não posso reclamar. Eu acho (Michael) que Chiesa é uma excelente lutadora. Isso aconteceu, eu acho que ele, ele diz que não, mas não acho que isso fique na memória de todos… mas as pessoas tendem sempre a se lembrar dos momentos ruins. Se for esse o caso, o que posso fazer? É como dizer José Aldo, Anderson Silva, Vitor Belfort – será que as pessoas se lembrarão dele pelo pontapé na cara ou por toda a sua carreira? Depende de quem você perguntar.”