Metilcloroisotiazolinona/metilisotiazolinona (MCI/MI) é uma mistura conservante a uma combinação fixa (relação 3/1), que é comumente usado em cosméticos e aplicações industriais e pode ser encontrado em cosméticos, especialmente xampus, produtos dermatológicos, principalmente protetores solares, produtos de limpeza doméstica, tintas, papel higiênico úmido, fluidos metalúrgicos.1-4

Também é conhecido como Euxyl K 100 ou Kathon CG. Nos EUA, onde foi introduzido pela primeira vez em 1980, é permitido como conservante para produtos de enxaguamento a 15ppm e para produtos de forleaving-on a 7,5ppm. Na Europa, foi utilizado inicialmente em meados dos anos 70, e hoje é empregado a 15ppm para produtos leave-on ou rinse-off. No Japão, é permitido apenas para produtos de enxaguamento, a 15ppm. No Brasil, é permitido a 0,0015% (15ppm) e é testado a 0,5% em petrolato (série padrão brasileira).5

Relatórios recentes mostraram um aumento na sensibilização tanto para o MCI/MI quanto para o MI por si só.1,4 A frequência global de sensibilização para o MCI/MI manteve-se constante em cerca de 2,1% entre 1998-2009, mas aumentou para 3,9% em 2011.1,2,3 Os dados do Grupo de Dermatites de Contacto Norte-Americano de 2009-2010 revelaram uma frequência de 2,5% entre os 4.032 pacientes testados. O alergênio foi o quinto conservante mais positivo e teve a mais alta relevância de todos. A relevância definitiva e provável foi de 54,6%, enquanto que a relevância possível foi de 38,9%. A metilisotiazolinona (IM) foi o alergênio do ano de 2013 da American ContactDermatitis Society Contact Allergen, porque seu uso em cosméticos e produtos de higiene pessoal está aumentando.6 A associação emitiu que a sensibilização primária à IM levou a um subseqüente aumento nas reações MCI/MI.1

Foi realizado um estudo retrospectivo baseado nos resultados dos testes de patch com a série padrão brasileira, realizados em pacientes encaminhados por dermatites de contato. Foram testados para a bandeja padrão brasileira (FDA Allergenic/Immunotech, Rio de Janeiro, Brasil) com uma técnica padronizada, utilizando Finn Chambers (Epitest Ltd Oy, Tuusula, Finlândia) em fita Scanpor (Norgeplaster Alpharma AS, Vennesla, Noruega). As leituras ocorreram nos dias dois e quatro. Os resultados positivos em 359 pacientes entre Novembro de 2009 e Outubro de 2012 foram analisados e comparados com os dados anteriores recolhidos entre Março de 2006 e Outubro de 2009 (447 pacientes). Para caracterização descritiva da população de pacientes, foi utilizado o índice MOHALFA (sigla para masculino, ocupacional, atópico, mão, perna ou facedermatite e idade >40).

Os dados mostraram uma sensibilização de 11,14% ao ICM/MI durante 2009-2012, contrastando com o período anterior (3,35%). Uma associação positiva entre a positividade do ICM/MI e o período 2009-2012 (OR+3,61 IC 95% 1,91-7,16 p<0,001) foi detectada (as análises foram obtidas com o programa R, versão 2.13.0) (Tabela 1).

TÁBULO 1

Diferenças nas reações positivas do ICM/MI durante os períodos estudados analisados pelo teste exato de Fisher e as razões de chances (CI=95%)

Período N Positivo % OR
reacção
2006-09 447 15 3.35 3,61(CI 95% 1,91-7,16)
p<0,001
2009-12 359 40 11.14

Reações positivas foram observadas igualmente em caucasianos, negros e mulatos. As ocupações refiladas foram as limpadoras e donas de casa, que estavam ligadas ao trabalho úmido e ao uso de produtos domésticos, enquanto 27,5% dos pacientes apresentaram correlação ocupacional com a sensibilização. O período de evolução da dermatite foi de um ano em 60% dos pacientes. 82,5% dos pacientes apresentaram lesões disseminadas que afetaram mais de três áreas de corpo. Os locais mais afetados foram as pernas (80%) e os pés (62,5%), seguidos pelo couro cabeludo (57,5%) e pescoço (50%). 42,5% dos pacientes apresentavam lesões nas mãos e 27,5% na face.

Em ambos os grupos as mulheres foram mais afetadas e suas idades foram semelhantes, mas o primeiro grupo foi mais associado à exposição ocupacional (53,3%) (Tabela 2).

TÁBULO 2

Índice MOAHLFA para as populações investigadas

MOAHLFA 2006-2009 Período 2009-2012 Periodo
% N 15 % N 40
Homens 33.3 5 12,5 5
Dermatite ocupacional 53,3 8 27.5 11
Dermatite atópica 26.6 4 17.5 7
Dermatite manual 80 12 42.5 17
Dermatite da perna 20 3 80 32
Dermatite da cara 46.6 7 27,5 11
Age> 40 53,3 8 57.5 23

O diagnóstico final foi de raiva em 7.5%, dermatite de contato alérgica ao Kathon em 57,5% e dermatite de contato alérgica ao Kathon e outros contatantes em 35% dos pacientes. A principal fonte foram os produtos domésticos e cosméticos.

Nossos dados revelaram um aumento na prevalência de MCI/MI, especialmente após 2009, ligado à exposição a produtos cosméticos, domésticos e industriais, o que explica as características clínicas descritas acima e confirma estudos europeus anteriores.

Isothiazolinones nem sempre reagem cruzadamente e, portanto, a alergia a um isothiazolinonedoes não significa sensibilidade a todo o grupo. Os doentes sensibilizados à IM também reagem à IMC, enquanto que o oposto não se aplica necessariamente. No entanto, um estudo com análise de dados astratificada revelou aumentos pronunciados na reatividade a pacientes com ICM/MI e IM infemales, pacientes com dermatite facial e pacientes testados por suspeita de intolerância cosmética. Para entender a escala do problema, a IM deve ser considerada como um potencial alergênio suspeito em pacientes sensibilizados ao MCI/MI, e a IM deve ser incluída nas bandejas padrão.

Em conclusão, a positividade ao MCI/MI nesta série foi associada a: mulheres, principalmente donas de casa e faxineiras; presença de dermatite de pelo menos 1 ano de sevolução; e lesões disseminadas afetando especialmente as pernas.

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