Não faz muito tempo que um clip do The Shop, uma série de televisão talk show americana, estava circulando. Nele, Lil Nas X foi questionado sobre por que ele decidiu sair tão cedo em sua carreira, ao qual Kevin Hart interveio em voz alta, perguntando retórica: “ele disse que era gay, e daí?” Quase como se ele não tivesse passado os últimos meses se desculpando e defendendo as piadas homofóbicas que causaram sua remoção de receber o Oscar.

Agora, não vou discutir se seu pedido de desculpas foi sincero ou não. Eu estou apenas apontando as experiências que nós negros queer indivíduos passam. Hart é um exemplo perfeito. Ele deixa de brincar sobre como “ele quebraria uma casa de bonecas na cabeça de seu filho se alguma vez o encontrasse brincando com uma” para questionar Lil Nas X sobre porque ele estava com medo de sair em primeiro lugar. Gaslighting 101.

Lil Nas X responde perfeitamente, enquanto gentilmente chama Hart. Mais tarde ele acrescenta que, “não está a ser forçado…estou a crescer para odiar essa merda.” O que resume perfeitamente como foi para mim crescer. Do meu tio a dizer que matava o filho se fosse gay. Sendo dito com frequência durante os domingos que ser gay é uma abominação. Para o meu pai, a brincar com o Caster Semenya no carro. E ao meu irmão mais velho contorcendo-se de nojo sempre que discute algo a ver com a comunidade LGBTQ+.

Muitos negros se comportam assim, mas como o Hart, são rápidos a afirmar que não são homofóbicos. Eles simplesmente entendem as microagressões raciais, mas ainda assim não se apercebem quando se trata de homossexualidade. Afirmando que qualquer comentário negativo é apenas uma “opinião”.

Foto by Autumn Goodman on Unsplash

Bissexual (Bi)

Contrário à crença popular, a homossexualidade não cura o racismo. Você pensaria que fazer parte de um grupo marginalizado faria outros simpatizarem com as dificuldades dos outros, mas se esse fosse o caso, já teríamos proibido a maioria desses -fobias e -ismos.

Em junho de 2018, um relatório Stonewall descobriu que 51% das pessoas LGBTQ+ BAME (negros, asiáticos e minorias étnicas) relataram ter experimentado racismo dentro da comunidade LGBTQ+. Este ano o Manchester Pride fez notícia depois de revelar que estavam usando uma bandeira diferente, que incluía listras marrons e pretas, para seu evento de 2019. A reação foi mista. Com algumas pessoas afirmando que o objectivo da bandeira arco-íris era que ela incluísse toda a gente. Mas outros pensaram que a bandeira enviou uma mensagem de que as pessoas do BAME LGBTQ+ mereciam o mesmo reconhecimento e visibilidade que as pessoas brancas no evento.

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